Saturday, June 5, 2010

A Pena Enregelada


A pena, enregelada pelo frio
Recusa escrever o que meu coração ordena
Derrapa no gelo do papel
Congela a sua tinta
Protesta, grita revoltada, cai no chão
E por fim cala-se, extenuada!

Esfrego seu corpo entre os dedos
Viro-a de lado, de frente, de pernas para o ar
Faço malabarismos, lanço-a qual dardo
Mordo, bato-lhe, faço-a piruetar
Agito-a sem parar, num frenesim
Mas a pena ignora-me, imperturbada!

Praguejo-lhe aos ouvidos, mil insultos
E apenas vejo-a sorrir, ligeiramente corada
Um tanto ou quanto excitada
Mas nem um único pingo de tinta
Ou promessa de palavras
Escorre da sua ponta rebelde, bloqueada!

Desisto, frustrado, de coração calado
Vou cuidar das rosas do meu jardim
Elas, tão belas, que declamam poesia
Para o seu jardineiro fiel e dedicado
E entre as rosas adormeço...
Sonhando com ela, a pena minha amada!

(Luís Santos 15/05/10)

2 comments:

  1. Muito inspirado! Parabéns por seu poetar tão talentoso! Beijos...

    ReplyDelete
  2. Poeta...voltei para agradecer o carinho da sua visita (que eu já esperava e...amei!) E para desejar a vc muito...muito sucesso com seu blog que é lindo e que me emocionou...(vc sabe porque)...Beijo!

    ReplyDelete